Thursday, January 14, 2010

Olá Mundo!


Toda a minha vida quis ser uma viajante. Mochila às costas, a reboque numa velha furgoneta, apenas seguindo as leis da estrada. Eís que, desejo cumprido, a maior aventura da minha vida (ainda curta), mudei de pais, longe da família e dos amigos. Deixando "on hold" uma formação académica, agarrando uma oportunidade, lutando por ela e agora, quase um ano mais tarde ainda sinto que estou apenas a começar. Este é o primeiro passo. Afinal de contas, Espanha é já o "next door neighbor" e a Europa é tão grande e o Mundo é tão imenso e os meus olhos ainda não viram quase nada. Finalmente este blog faz algum sentido. Que sentido tem escrever sobre o sitio onde vivemos toda a nossa vida se só lhe damos o devido valor quando nos fazemos à estrada e todas as noites sonhamos com casa e se pudessemos voltávamos todos os meses. E quando voltamos o céu é mais azul, as pessoas as melhores do mundo, a comida a mais saborosa. Mas lá dentro o bichinho do querer partir de novo... Porquê? Porque sabemos que temos sempre para onde voltar.

Todos os caminhos podem ir dar a Roma, mas eu hei-de ir sempre dar a Portugal.

Saturday, June 07, 2008

Palácio Nacional da Pena

Dito como ex-libris da Serra de Sintra e recentemente uma das sete maravilhas de Portugal, o Palácio Nacional da Pena estende o seu olhar romântico sobre a terra e o mar, percorrendo a costa do Guincho a Lisboa. Por vezes os seus olhos turvam e como que adormece nas nuvens de nevoeiro que embalam como um berço de algodão. Ali as manhãs são sempre frias e cegas, desperta-se muito devagar e todos os seres demoram-se como se lhes custasse largar o quente dos cobertores da cama.

Lá dentro o sol tenta como um intruso passar pelos freixos das janelas fechadas. Os antigos quartos reais são agora pequenos museus, os seus salões já não recebem altos dignitários pomposos e damas de espartilhos apertados, mas sim centenas de visitantes que se alinham pelos corredores adaptados com cordas. Tenta-se inspirar os cheiros que os últimos Reis lá deixaram, mas os pulmões enchem-se do odor forte da cera que protege as madeiras exóticas. Os azulejos acumulados ao longo dos séculos reflectem o sol no claustro quinhentista, as escadas sobem em caracol pelos pisos e pela torre lá alta onde o tempo não passa pelo relógio sem ponteiros.