Saturday, June 07, 2008

Palácio Nacional da Pena

Dito como ex-libris da Serra de Sintra e recentemente uma das sete maravilhas de Portugal, o Palácio Nacional da Pena estende o seu olhar romântico sobre a terra e o mar, percorrendo a costa do Guincho a Lisboa. Por vezes os seus olhos turvam e como que adormece nas nuvens de nevoeiro que embalam como um berço de algodão. Ali as manhãs são sempre frias e cegas, desperta-se muito devagar e todos os seres demoram-se como se lhes custasse largar o quente dos cobertores da cama.

Lá dentro o sol tenta como um intruso passar pelos freixos das janelas fechadas. Os antigos quartos reais são agora pequenos museus, os seus salões já não recebem altos dignitários pomposos e damas de espartilhos apertados, mas sim centenas de visitantes que se alinham pelos corredores adaptados com cordas. Tenta-se inspirar os cheiros que os últimos Reis lá deixaram, mas os pulmões enchem-se do odor forte da cera que protege as madeiras exóticas. Os azulejos acumulados ao longo dos séculos reflectem o sol no claustro quinhentista, as escadas sobem em caracol pelos pisos e pela torre lá alta onde o tempo não passa pelo relógio sem ponteiros.